FBI "escandalizado" com libertação de Al-Megrahi
Na carta enviada a Kenny MacAskill, e publicada hoje, o director da polícia judiciária norte-americana, Robert Mueller, diz que tem "o hábito de não comentar as decisões de outros magistrados", mas declarou-se "escandalizado com a decisão, defendida com desenvoltura e sob o pretexto da compaixão".
Na carta, datada de sexta-feira e disponível no site internet da polícia federal dos EUA, Mueller prossegue: "a vossa decisão de libertar Megrahi é inexplicável e prejudica a justiça", lembrando ter sido ministro adjunto (norte-americano) da Justiça responsável pelo inquérito e acusação de Megrahi em 1991.
A sua libertação "recompensa um terrorista" e "troça da dor das famílias que perderam os seus entes próximos em 21 de Dezembro de 1988" na explosão de um Boeing 747 da companhia norte-americana Pan Am por cima de Lockerbie, na Escócia, no qual morreram 270 pessoas, na maioria norte-americanas.
"Eu pergunto-me: onde está a justiça?", conclui.
Megrahi fora condenado em 2001 a prisão perpétua, não podendo ser libertado antes de 27 anos, pelos juízes escoceses, no final de um processo decorrido na Holanda, país neutro. A sentença havia sido confirmada no recurso em 2002.
Em fase terminal de cancro na próstata, o indivíduo, que clamou sempre a sua inocência, regressou quinta-feira à Líbia após ter sido libertado por razões de saúde pelo ministro escocês da Justiça.
A decisão suscitou "profundos lamentos" por parte de Washington. "Continuamos a pensar que Megrahi deveria cumprir a sua pena na Escócia", reagiu a Casa Branca.